Todo mundo já ouviu alguma coisa sobre os agrotóxicos, em sala de aula ou até mesmo na televisão, afinal quase sempre existe aquela vozinha no intervalo da sua novela falando “Agro é tech, agro é pop, agro é tudo”, mas você já tem uma opinião formada sobre os tão famosos (as vezes difamados) agrotóxicos ?
Primeiramente, o que são agrotóxicos? Simples, são produtos químicos que podem matar insetos, larvas e fungos, então são usados para proteger grandes plantações. Apenas por esse fato podemos perceber o motivo deles estarem ligados com a agricultura, já que os compostos sintéticos auxiliam no acompanhamento da lavoura e outros produtos.
O lado positivo do uso dos defensivos agrícolas é o preço dos alimentos, porque eles são mais baratos que verduras orgânicas, por precisarem de menos cuidado constante contra pragas. O lado negativo é que o uso excessivo de agroquímicos afetam o meio ambiente, como a água e o solo, mas também existem efeitos humanos, já que trabalhadores que manuseiam esses equipamentos podem ser intoxicados.
Além da água e da terra, os agrotóxicos afetam a biodiversidade (o conjunto de seres vivos que estão na natureza), eles prejudicam abelhas, minhocas, pássaros e outras espécies importantes como as que estão no topo da cadeia alimentar, bagunçando todo o ecossistema. Não podemos esquecer dos impactos na vida aquática, porque quando esses produtos chegam nos rios eles se dissolvem em contato com a água, contaminando peixes, por exemplo, porém ainda existe o risco de infectar humanos, já que existem várias comunidades dependentes de poços cacimbas.
A discussão que sempre impera sobre esse material, é a saúde, porque esses legumes com compostos químicos são os que estão na nossa mesa, afinal, estamos comendo veneno? Bom, de acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) o uso de agrotóxicos de 2007 até 2016 cresceu ao lado do aumento de casos de intoxicações letais de diversas faixas etárias.
Atualmente, já se sabe que esse tipo de exposição pode causar alterações celulares, logo corremos o risco de adquirir doenças cancerígenas como neoplasia no cérebro, câncer no sistema digestivo, sistemas genitais (masculino e feminino), sistema urinário, sistema respiratório, câncer de mama e câncer de esôfago. No caso de mulheres grávidas, existe a possibilidade se seus bebês nascerem prematuramente.
Para entendermos a relação brasileira com os compostos, precisamos saber que eles ganharam espaço no país na década de 60 com a Revolução Verde, um movimento para expandir a agricultura mundial através de tecnologia, e foi muito apoiado nos anos 70 pelo Plano Nacional de Desenvolvimento Agrícola, com o argumento de que essa seria a solução para a fome. Realmente, o Brasil produz muita comida com ajuda de herbicidas e fertilizantes, mas nós exportamos o alimento para outros países, logo os brasileiros não têm acesso a ele, considerando que segundo a CNN Brasil 19 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar.
Não apenas a Revolução Verde recebeu apoio governamental, é importante ressaltar que na política existe a bancada ruralista, uma frente parlamentar que atua em defesa dos proprietários rurais, esses congressistas recebem recursos do Instituto Pensar Agro, que embolsam cerca de 760 mil reais por mês de 38 associações do agronegócio. Por esses motivos, muitos movimentos sociais que apoiam a agroecologia lutam pela Reforma Agrária Popular.
Porém, o que é agroecologia? É uma forma de agricultura sustentável onde questões sociais, culturais e ambientais importam, de maneira simples é como o cultivo de plantações tradicionalmente era antes da Revolução Verde, dando muito espaço para a agricultura familiar que é cultivada por pequenos proprietários rurais.
Os ativistas do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) afirmam que existe a necessidade de repensar sobre a visão de territórios porque a definição atual foi herdada da organização do período colonial. Em análise, o censo agropecuário brasileiro realizado em 2017 relata que apenas 1% dos proprietários de terras controlam quase 50% da área rural, ou seja, poucas pessoas têm poder sobre muito espaço.
Portanto, podemos observar que os agrotóxicos têm aspectos benéficos e maléficos ao ambiente e seres humanos, dependendo da maneira que são utilizados. No Brasil, infelizmente usamos os compostos de maneira excessiva com visão monetária, porque eles são muito lucrativos e servem de base econômica para o país, que é majoritariamente agrário e tem uma organização política antiga. Logo, podemos perceber que as raízes desse problema são históricas, o que torna mais complicada a resolução, mas existem diversos movimentos como o MST que com a ajuda da agricultura familiar podem conscientizar a importância de relacionar agricultura a questões ambientais.
Por Gabriela Pitameia
Referências:
Instituto Nacional de Câncer https://www.inca.gov.br/exposicao-no-trabalho-e-no-ambiente/agrotoxicos. 04 de maio,2022
Moraes, Michelly. https://agropos.com.br/agroquimicos/. 08 de maio,2022
Maria Araújo e Carlos Siqueira. https://www.scielo.br/j/csp/a/pWgs4R38wDw6NBWKzYshwYx/?lang=pt. 08 de maio,2022
Balduino, Ludmilla. https://mst.org.br/2020/11/12/agro-e-toxico-somos-o-pais-que-mais-consome-agrotoxicos-no-planeta/#. 10 de maio,2022
Carla Lopes e Guilherme Albuquerque https://www.scielo.br/j/sdeb/a/bGBYRZvVVKMrV4yzqfwwKtP/. 13 de maio,2022
AmbiScience Engenharia https://ambscience.com/consequencias-do-uso-de-agrotoxicos-para-a-saude-e-o-meio-ambiente/. 13 de maio,2022
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra https://mst.org.br/2021/07/16/o-que-e-o-programa-de-reforma-agraria-popular-do-mst. 14 de maio,2022
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